Câncer de mama: tipos, sintomas e tratamentos

Assim como outros tipos, o câncer de mama é resultado de um crescimento descontrolado de células que geralmente formam um tumor maligno
câncer de mama
câncer de mama

Nos últimos 20 anos o número total de pacientes diagnosticados com câncer quase dobrou. Hoje, mais de 19 milhões de pessoas já foram diagnosticadas, e este número tende a aumentar ainda mais nos próximos anos.

Recentemente, segundo dados da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), o câncer de mama se tornou a forma mais comumente diagnosticada de câncer no mundo, superando o câncer de pulmão.

Existem tratamentos, embora o câncer de mama seja extremamente letal. O diagnóstico precoce e a adoção de técnicas para a regressão de estágios pode auxiliar o processo de recuperação. Quer saber mais sobre esta doença? Acompanhe o conteúdo!

O que é o câncer de mama?

O câncer de mama é um tipo de câncer que se inicia na mama. Assim como outros tipos de câncer, o câncer de mama é resultado de um crescimento descontrolado de células que geralmente formam um tumor maligno.

Este tumor pode ser observado através de exame raio-x e, muitas vezes, pode ser sentido através do toque como um nódulo.

Existem outros tipos de nódulos mamários não malignos e que, portanto, não categorizam câncer de mama. No entanto, embora os nódulos benignos não sejam fatais, eles podem aumentar o risco de desenvolvimento de câncer, por isso também devem ser verificados.

Principais fatores de risco

Fatores de risco de câncer de mama podem estar relacionados ao ambiente, como estilo de vida, alimentação ou uso de medicamentos, mas também podem ser fatores como idade, sexo ou genética. Embora fatores de risco possam aumentar a chance de desenvolver câncer, não significa que a pessoa irá de fato desenvolver a doença.

Ente os principais fatores relacionados ao estilo de vida estão:

  • Consumo de álcool;
  • Obesidade ou sobrepeso principalmente em mulheres após a menopausa;
  • Não ser fisicamente ativo;
  • Não amamentar;
  • Uso de contraceptivos hormonais;
  • Terapia hormonal após a menopausa
  • Implantes mamários.

Outros fatores de risco relacionados às características independentes do estilo de vida são:

 Idade

O risco de desenvolver câncer de mama aumenta progressivamente a partir dos 35 anos. Mulheres acima de 55 anos apresentam maior risco pelo fato de terem sido expostas a diferentes fatores de risco durante a vida.

Ser mulher

Embora homens também possam desenvolver câncer de mama, representa apenas cerca de 1% dos casos. O risco é muito maior para mulheres.

gráfico de câncer mais comum entre mulheres, 2020
Gráfico da Organização Mundial da Saúde dos casos de diferentes tipos de câncer diagnosticados no mundo. O câncer de mama (breast) representa 24,5% dos casos de câncer entre mulheres.

Genética e o câncer de mama

Cerca de 5 a 10% dos casos de câncer de mama são hereditários, ou seja, são mutações germinativas que são transmitidas de pais para filhos. Dentre os principais genes relacionados ao aumento do risco de desenvolvimento de câncer de mama estão:

BRCA1 e BRCA2: Estes genes são associados ao sistema de reparo do DNA. Alterações nestes genes podem atrapalhar a sua função e levar ao crescimento anormal de células, que podem causar câncer.

Em média, uma mulher com mutação no gene BRCA1 ou BRCA2 tem cerca de 70% de desenvolver câncer de mama aos 80 anos, bem como uma maior probabilidade de ser diagnosticada jovem.

Este conhecimento se dá devido aos estudos no formato GWAS, que permite a associação de genes às patologias apresentadas em um fenótipo comum, ampliando a área da oncologia.

Existem mais de 1000 mutações conhecidas dos genes BRCA. Mutações nestes genes também estão associadas a maior risco de desenvolver câncer de ovário.

Outros genes:

  • TP53: Ajuda a interromper o crescimento de células com DNA danificado;
  • PALB2: Produz uma proteína que interage com a proteína produzida pelo gene BRCA2;
  • STK11: Alterações neste gene podem causar a síndrome de Peutz-Jeghers;
  • PTEN: Ajuda a regular o crescimento celular. Alterações neste gene podem causar um distúrbio raro que aumenta o risco de desenvolver tumores benignos;
  • CHEK2: Sistema de reparo do DNA;
  • ATM: Sistema de reparo de DNA. A herança de 2 cópias anormais desse gene causa a doença ataxia-telangiectasia;
  • CDH1: Alterações neste gene estão associadas ao desenvolvimento de um tipo raro de câncer de estômago. Mulheres com mutações nesse gene apresentam risco aumentado de câncer de mama lobular invasivo.

Sintomas de câncer de mama

O principal sintoma relacionado a câncer de mama é o aparecimento de nódulo no seio. No entanto, alguns tipos de câncer não apresentam o crescimento de nódulos, por isso é importante conhecer os outros sintomas relacionados a doença e estar ciente se possíveis alterações surgirem.

Alguns sintomas relacionados ao câncer de mama são:

• Nódulo duro e fixo ou com aumento de tamanho;
• Liberação de secreção pelos mamilos fora da gestação ou do puerpério;
• Lesão eczematosa;
• Aumento de gânglios linfáticos nas axilas;
• Aumento progressivo do tamanho da mama;
• Pele com aspecto de casca de laranja;
• Retração na pele da mama;
• Mudança no formato ou coloração do mamilo.

sinais de câncer de mama ilustração

Tipos de câncer de mama

Existem diferentes tipos de câncer de mama, que podem ser determinados de acordo com a célula específica inicialmente. A neoplasia pode começar:

  • Nos dutos que transportam o leite para o mamilo
  • Nos lóbulos da mama, glândula responsável pela produção do leite
  • Em outras células e tecidos da mama como sarcomas e linfomas.

Aprenda mais no texto: Linfoma: Entenda a relação com o sistema imunológico

O câncer de mama também pode ser categorizado pelo fato de se espalhar ou não por outras partes da mama ou do corpo.

Os cânceres não invasivos também são chamados câncer de mama in situ. In situ significa “no local original”, portanto são os tipos de cânceres que não se espalham para outras regiões da mama além de onde se iniciaram. Além disso, por não ser invasivo, também não se espalha para outros lugares do corpo (metástase). Existem dois tipos de câncer de mama in situ:

Carcinoma Ductal In Situ (CDIS)

O tipo mais comum de câncer de mama são os carcinomas, tumores que se iniciam nas células epiteliais. O carcinoma ductal in situ é um câncer que começa em um ducto de leite, mas não se espalham para o tecido mamário próximo.

No entanto, não é descartada a possibilidade de CDIS se transformar em um câncer invasivo. Segundo o American Cancer Sociaty, Cerca de 1 em cada 5 novos cânceres de mama serão CDIS. A chance de recuperação para pacientes diagnosticados neste estágio é quase total.

Carcinoma Lobular In Situ (CLIS)

É um câncer que começa nas células dos lóbulos da mama, mas não se espalharam para o tecido mamário próximo. O CLIS ​​é altamente tratável e raramente se torna um câncer invasivo.

Já o termo câncer de mama invasivo é utilizado para descrever qualquer tipo que se espalha pelo tecido mamário circundante. O câncer de mama invasivo é o de maior frequência entre os diagnosticados. Dentre eles, existem diferentes tipos, sendo os mais comuns o carcinoma ductal invasivo e o carcinoma lobular invasivo.

Câncer de mama invasivo

Este é o tipo de câncer que está presente no tecido mamário adjacente, pois já pôde se disseminar para outras regiões diferentes da original. Neste cenário, os tipos mais comuns de câncer de mama invasivo são:

Carcinoma Ductal Invasivo (CDI)

Este é o tipo mais comum de câncer de mama, representando cerca de 80% dos casos diagnosticados de câncer de mama invasivo. Este tipo de câncer se inicia nas células que revestem um ducto de leite e invade o tecido mamário próximo. Ao entrar em contato com o sistema linfático ou corrente sanguínea, as células malignas podem se espalhar por outras partes do corpo.

Carcinoma Lobular Invasivo (CLI)

Este tipo representa cerca de 10% dos casos de câncer invasivo. O CLI tem seu início em células dos lóbulos, glândulas produtoras de leite, podendo se espalhar para outros tecidos e/ou outras partes do corpo. Cerca de 1 a cada 5 pacientes com CLI desenvolvem câncer nas duas mamas. Este tipo de câncer apresenta maior dificuldade de detecção através de exames de exames físicos ou de imagem em relação a outros.

Câncer de mama inflamatório

É um tipo de câncer mais agressivo e de crescimento rápido, no qual as células malignas invadem a pele e os vasos linfáticos da mama. Normalmente não produz tumor ou nódulos, mas quando os vasos linfáticos são bloqueados pelas células de câncer, os sintomas começam a aparecer. Normalmente, o câncer de mama inflamatório cresce rapidamente e requer tratamento agressivo.

Câncer de mama triplo negativo

Tipo agressivo de câncer de mama no qual tratamentos como terapia hormonal e medicamentos que tem como alvo o estrogênio, progesterona e HER-2, são ineficazes. Isto porque este tumor não possui os três principais receptores conhecidos pelo crescimento celular acelerado: receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico hormonal (HER-2), receptores de estrogênio ou receptores de progesterona.

Tipos menos comuns de câncer de mama

Além dos tipos já mencionados, o câncer de mama pode se desenvolver de forma menos recorrentes, conforme os casos a seguir:

Doença de Paget

Este tipo de câncer é menos comum do que os citados acima, representando certa de 1-3% dos casos. Ele tem início nos ductos mamários e se espalha para o epitélio do mamilo e então para a aréola.

Angiossarcoma

Também conhecidos como sarcomas das mamas, são ainda mais raros, representando por volta de 1% dos casos de câncer de mama. Este tipo de câncer tem seu início nas células que revestem os vasos sanguíneos ou linfáticos, podendo envolver também o tecido ou a pele da mama.

Tumor filodes

Este tipo raro de tumor de mama normalmente é benigno, porém, em alguns casos pode se tornar um câncer. Diferentemente dos outros tipos que iniciam nos ductos ou lóbulos, se desenvolve no tecido conjuntivo da mama.

varstation análises NGS

Diagnóstico

Identificar e iniciar o tratamento precocemente do câncer previne a morte pela doença. Isto porque a identificação precoce pode evitar que o câncer se espalhe para outro tecido da mama ou outras partes do corpo, facilitando seu controle. Por isso é importante realizar os testes de triagem frequentes.

A triagem se refere a exames realizados de forma preventiva para identificar possíveis alterações na saúde do paciente. Em relação a triagem, os exames são capazes de identificar cânceres no início do seu desenvolvimento, mesmo sem o surgimento de sintomas palpáveis ou visíveis.

Principais exames de triagem para o câncer de mama

Mamografia

Neste exame, é realizada uma radiografia das mamas, que quando realizada regularmente pode ajudar a detectar o câncer de mama no estágio inicial. A mamografia é considerada o exame padrão para diagnóstico de câncer.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) recomenda que a mamografia seja realizada uma vez e a cada 2 anos, em mulher na faixa etária de 50 a 69 anos.

A faixa etária indicada está relacionada com a ocorrência de diagnóstico falso positivos ou negativos para mulheres mais jovens ou mais velhas.

Isto porque mulheres mais jovens que 50 anos apresentam a mama mais densa, ou seja, as mamas possuem mais tecido glandular e menos gordura, o que diminui a acurácia do exame em identificar lesões por câncer.

Já em mulheres acima de 70 anos, o risco é de identificar um câncer que não evoluiria a ponto de prejudicar a saúde da mulher e, desta forma, a expondo a riscos desnecessários relacionados ao tratamento da doença.

câncer de mama e mamografia para diagnóstico - ilustração

Autoexame das mamas

A estratégia do autoexame surgiu com o objetivo de orientar mulheres a identificar alterações relacionadas ao câncer de mama através de uma técnica específica de palpação dos seios que deveria ser realizada mensalmente.

No entanto, estudos concluídos no final de 1990, mostraram que a técnica não reduziu a mortalidade das mulheres, que continuavam a descobrir o câncer ocasionalmente.

Atualmente, a orientação é conhecida como breast awareness, que significa estar consciente e atenta para a saúde das mamas.

A nova estratégia também tem o objetivo de orientar a mulheres a identificar mudanças nas mamas, no entanto sem uma técnica específica ou método padronizado.

Em outras palavras, o paciente é incentivado a palpar as mamas sempre que se sentir confortável a realizar a ação, observar mudanças no formato, na textura, coloração das mamas e procurar um profissional da saúde para informar qualquer alteração.

Teste de biomarcador

Este exame é usado para descobrir se as células cancerosas apresentam certos receptores. Células mamárias possuem biomarcadores que se ligam aos hormônios estrogênio e progesterona.

Outro tipo de biomarcador é fator de crescimento epidérmico hormonal ou HER2 que é encontrado na superfície de todas as células do câncer de mama. Estes receptores são necessários para que as células cresçam e se dividam.

Teste genético para câncer de mama

Algumas alterações genéticas herdadas dos pais podem aumentar o risco de câncer de mama. Portanto, o teste genético pode ser realizado para encontrar estas alterações no DNA dos pacientes.

Ele é recomendado principalmente para pessoas com histórico familiar de câncer, que foram diagnosticadas com outro tipo de câncer como de ovário ou para casos de câncer de mama triplo-negativo.

Para este teste é realizado o sequenciamento genético dos principais genes relacionados ao maior risco de desenvolvimento de câncer citados anteriormente, principalmente os genes BRCA.

Procurar um profissional treinado em aconselhamento genético é importante para entender as probabilidades de desenvolver as doenças e receber orientação sobre possíveis decisões dos passos a serem tomados.

Tratamentos

O tratamento para câncer de mama depende principalmente do estágio da doença. O estágio do câncer indica o tamanho do tumor e se as células cancerosas estão ou não restritas ao local de origem. Os tratamentos normalmente realizados em casa estágio são:

Estágio 0

O câncer está restrito ao local de origem das primeiras células anormais. Este estágio requer tratamento, geralmente cirurgia e/ou radioterapia.  A quimioterapia, na maioria dos casos, não faz parte do tratamento para os estágios iniciais de câncer.

Estágio 1

O câncer está restrito ao local de origem das primeiras células anormais, mas o câncer já é evidente. Este estágio é dividido em 1A e 1B e se diferem pelo tamanho do tumor e dos gânglios linfáticos evidenciando câncer.

O estágio 1 também é altamente tratável e requer, geralmente, cirurgia e/ou radioterapia. Assim como o estágio 0, pacientes no estágio 1 também não costumam realizar quimioterapia. No entanto, a terapia hormonal é oferecida para alguns tipos de câncer.

Estágio 2

O câncer está ficando maior, mas ainda está restrito a mama ou se estendeu apenas aos gânglios linfáticos próximos. Este estágio é dividido em 2A e 2B e se diferem pelo tamanho do tumor e se o câncer está presente nos gânglios linfáticos. Neste estágio, é realizada a quimioterapia, seguido de cirurgia e radioterapia.

Estágio 3

O câncer se espalhou além da região de origem do tumor e pode ter invadido os gânglios linfáticos e músculos próximos, mas não para órgãos distantes. Este estágio é dividido em 3A, 3B e 3C e se diferem pelo tamanho do tumor e se o câncer está presente nos gânglios linfáticos e tecidos circundantes.

As opções de tratamento neste estágio consistem em mastectomia e radiação, tratamento local e terapia hormonal ou quimioterapia.

Estágio 4

O câncer se espalhou para outras áreas do corpo (metástase), como pulmão, ossos, cérebro ou outros órgãos. Embora este o câncer neste estágio não seja curável, existem alternativas de tratamento capazes de aumentar a qualidade de vida dos pacientes.

Portanto, reforçamos novamente a importância de estar consciente sobre os sintomas associados ao câncer de mama e do acompanhamento médico frequente para realizar os exames de triagem da saúde das mamas.

Referências

American Cancer Sociaty

INCA: Instituto Nacional do Câncer

Harbeck, N., Penault-Llorca, F., Cortes, J. et al. Breast CancerNat Rev Dis Primers 5, 66 (2019). https://doi.org/10.1038/s41572-019-0111-2

WHO: World Heath Organization : Breast Cancer

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