Alzheimer biomarcadores

Doença de Alzheimer: Diagnóstico por Biomarcadores do LCR

O acompanhamento clínico da Doença de Alzheimer beneficia-se da quantificação de biomarcadores no Líquido Cefalorraquidiano. Entenda!

O estágio no qual a Doença de Alzheimer é diagnosticada é um aspecto determinante para prognósticos otimistas. Dessa maneira, a quantificação de determinados biomarcadores presentes no Líquor (Líquido Cefalorraquidiano) auxilia o diagnóstico em estágios iniciais, bem como o monitoramento clínico do indivíduo afetado.

Quer entender quais são e qual a importância dos biomarcadores para o diagnóstico e prognóstico da Doença de Alzheimer? Continue a leitura!

O que é a Doença da Doença de Alzheimer e como afeta o cérebro?

A Doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência em adultos idosos. É uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta o cérebro, causando perda gradual da memória, cognição, habilidades sociais e linguísticas, e eventualmente resultando em incapacidade total.

No Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas vivem com alguma forma de demência e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. Em todo o mundo, o número chega a 50 milhões de pessoas.

O Alzheimer afeta o cérebro de várias maneiras. Uma das características mais distintivas da doença é a formação de placas de proteínas chamadas beta-amiloides entre as células cerebrais, o que leva à morte das células cerebrais e à diminuição do tamanho do cérebro.

Outra característica é a formação de emaranhados neurofibrilares: aglomerados anormais de proteína Tau, que se acumulam dentro das células cerebrais e interrompem sua função normal.

Proteína Tau: controla a dinâmica dos microtúbulos durante a maturação e o crescimento dos neuritos. Sendo a maior proteína do citoesqueleto, a hiperfosforilação da Tau afeta funções biológicas e morfológicas nos neurônios.

Sintomas

Como resultado das mudanças no cérebro, os pacientes com Alzheimer têm dificuldade em lembrar coisas recentes, confundem datas e eventos, e podem ter problemas para realizar Atividades da Vida Diária (AVD), como cozinhar ou se vestir.

Eles também podem ter dificuldade em se comunicar e expressar suas emoções, e podem perder a capacidade de reconhecer amigos e familiares. À medida que a doença progride, a capacidade de cuidar de si mesmo é perdida e, finalmente, pode resultar na incapacidade total.

Os sintomas mais comuns da doença de Alzheimer incluem:

  • Perda de memória recente
  • Dificuldade em lembrar informações importantes, como nome, data de nascimento e eventos recentes
  • Dificuldade em realizar tarefas cotidianas, como cozinhar e se vestir
  • Problemas de comunicação e linguagem
  • Mudanças de humor e comportamento
  • Desorientação no tempo e espaço
  • Dificuldade em lidar com novas situações e mudanças

Métodos de diagnóstico da Doença de Alzheimer

Existem vários métodos de diagnóstico para a doença de Alzheimer, incluindo exames neurológicos, testes de memória e testes cognitivos. No entanto, esses métodos de diagnóstico têm suas limitações.

Por exemplo, testes de memória e cognição são usados para diagnosticar a doença de Alzheimer, mas esses testes podem ser subjetivos e variar de acordo com o examinador. Além disso, os resultados desses testes podem ser influenciados por fatores como ansiedade e depressão.

Em geral, o diagnóstico e prognóstico preciso da doença de Alzheimer requer uma avaliação completa do paciente, incluindo histórico médico e exame neurológico, testes de memória e cognição, exames de imagem e exames laboratoriais.

O diagnóstico da doença é essencialmente clínico mas, como veremos na sequencia, pode se beneficiar da investigação laboratorial.

O papel dos biomarcadores no diagnóstico da Doença de Alzheimer

Os biomarcadores são medidas objetivas e mensuráveis que indicam a presença ou progressão da doença em um paciente.

Na doença de Alzheimer, os biomarcadores são usados para auxiliar no diagnóstico precoce da doença, bem como para acompanhar a progressão da doença e avaliar a eficácia dos tratamentos. Geralmente usados em combinação com outros métodos de diagnóstico, incluindo testes neuropsicológicos e exames físicos.

A medição de biomarcadores no líquido cerebrospinal e em imagens cerebrais é útil no diagnóstico precoce da doença de Alzheimer e na identificação de pessoas em risco de desenvolver a doença.

Além disso, essas medidas também podem ser usadas para monitorar a progressão da doença e avaliar a eficácia de tratamentos específicos, incluindo terapias que visam reduzir o acúmulo de proteínas anormais no cérebro.

Como os biomarcadores podem ajudar no diagnóstico precoce da doença?

Existem vários tipos de biomarcadores usados na doença de Alzheimer, incluindo proteínas anormais, como a proteína beta-amilóide e a proteína Tau, que se acumulam no cérebro e estão associadas à neurodegeneração.

Também incluem mudanças no líquido cerebrospinal (CSF) e anormalidades detectadas em imagens cerebrais, como a ressonância magnética (MRI) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET).

Por exemplo, a medida de biomarcadores pode ajudar a determinar se uma terapia específica está reduzindo o acúmulo de proteínas anormais no cérebro ou retardando a progressão da doença.

Como é realizado o exame de biomarcadores no LCR para diagnóstico de Alzheimer?

O exame de biomarcadores no líquido cefalorraquidiano (LCR) é realizado por meio de uma punção lombar, que é um procedimento médico para coletar uma amostra do LCR que circula no sistema nervoso central.

Durante o procedimento, o médico insere uma agulha fina na região lombar inferior para retirar uma pequena quantidade de LCR.

A amostra de LCR é então analisada em laboratório para determinar a presença de biomarcadores específicos associados à doença de Alzheimer. Os biomarcadores mais comuns medidos no LCR incluem a proteína beta-amiloide, a proteína Tau e a relação entre essas duas proteínas.

A presença ou ausência desses biomarcadores no LCR pode ajudar a diagnosticar a doença de Alzheimer e também pode ser útil na identificação de pessoas em risco de desenvolver a doença.

É importante ressaltar que os avanços recentes na pesquisa de biomarcadores têm sido promissores, com novas técnicas e biomarcadores emergentes mostrando resultados mais precisos e confiáveis.

Exame inédito de diagnóstico de Doença de Alzheimer do Einstein


O Hospital Israelita Albert Einstein, em parceria com a Roche Diagnóstica, agora oferece o teste automatizado Elecsys® CSF para diagnóstico de Alzheimer. O teste é capaz de avaliar a dosagem de biomarcadores TAU (pTau, tTau), beta-amiloide (BA42) e a razão pTau/BA42 no líquor, proteínas associadas à doença, com alta precisão e em menos de 20 minutos.

Anteriormente, as amostras de líquor coletadas eram enviadas para o exterior, levando semanas para os resultados. Agora, com a automação, o processo é mais simples e padronizado, além de ser um sistema fechado de diagnóstico. Isso significa que outras organizações também podem se beneficiar do laboratório do Einstein.

Interpretando os resultados do exame de biomarcadores no LCR para diagnóstico da Doença de Alzheimer

Os resultados do exame de biomarcadores são geralmente interpretados por comparação dos níveis medidos com os valores de referência para cada biomarcador.

Existem diferentes critérios de interpretação, dependendo dos valores de corte utilizados para cada biomarcador e do tipo de paciente avaliado.

Na prática clínica, a interpretação dos resultados do exame de biomarcadores no LCR é geralmente realizada em conjunto com outras avaliações clínicas e neuropsicológicas para confirmar ou descartar o diagnóstico da doença de Alzheimer.

Os resultados do exame de biomarcadores no LCR podem indicar:

1.       Níveis elevados de proteína Tau e redução de proteína beta-amiloide: sugere que a pessoa tem a doença de Alzheimer ou está em risco de desenvolvê-la.

2.       Níveis normais de proteína tau e proteína beta-amiloide: sugere que a pessoa não tem a doença de Alzheimer.

3.       Níveis elevados de proteína tau sem redução significativa de proteína beta-amiloide: sugere que a pessoa pode ter outra doença neurodegenerativa, como a demência frontotemporal.

É importante notar que os resultados do exame de biomarcadores no LCR não são conclusivos e devem ser interpretados em conjunto com outras avaliações clínicas e neuropsicológicas.

Além disso, o exame de biomarcadores no LCR é geralmente reservado para casos em que a avaliação clínica e os testes neuropsicológicos não conseguem fornecer um diagnóstico conclusivo da doença de Alzheimer.

Tratamento da Doença de Alzheimer

Conheça os tratamentos disponíveis para a doença e como o diagnóstico precoce pode melhorar o prognóstico do paciente.

Atualmente, não há cura para a doença de Alzheimer. No entanto, existem tratamentos disponíveis que podem ajudar a controlar os sintomas e a retardar a progressão da doença. Os tratamentos disponíveis incluem:

  • Inibidores da acetilcolinesterase: Esses medicamentos ajudam a aumentar os níveis de acetilcolina, um neurotransmissor importante no cérebro. Eles podem ajudar a melhorar a cognição, a memória e a função geral em pessoas com doença de Alzheimer leve a moderada.
  • Antagonistas dos receptores NMDA: Esses medicamentos ajudam a proteger as células cerebrais e podem ajudar a melhorar a função cognitiva em pessoas com doença de Alzheimer moderada a grave.
  • Terapia comportamental: Essa terapia pode ajudar a reduzir os comportamentos problemáticos, melhorar a comunicação e a qualidade de vida.
  • Cuidados paliativos: Esses cuidados podem ajudar a melhorar o bem-estar físico e emocional do paciente, proporcionando alívio da dor e outros sintomas da doença.

Além disso, é importante que as pessoas com doença de Alzheimer recebam um cuidado holístico e abrangente, que inclua suporte emocional, social e nutricional, além de atividade física regular e estimulação cognitiva.

A importância do diagnóstico precoce do Alzheimer

A detecção precoce da doença de Alzheimer pode melhorar o prognóstico do paciente, pois permite que o tratamento comece mais cedo, o que pode ajudar a retardar a progressão da doença e a reduzir a gravidade dos sintomas.

Além disso, um diagnóstico precoce permite que o paciente e seus familiares planejem melhor o futuro e façam ajustes em suas vidas para lidar com os desafios que a doença pode trazer.

A detecção precoce também permite que os pacientes sejam encaminhados para ensaios clínicos de novas terapias e tratamentos, que podem ajudar a desenvolver novas opções de tratamento para a doença de Alzheimer no futuro.

O diagnóstico precoce da doença de Alzheimer é crucial para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, bem como para promover a pesquisa e o desenvolvimento de novas terapias e tratamentos.

Conclusão

A doença de Alzheimer ainda não tem cura. Junto disso, um diagnóstico precoce da doença pode auxiliar o paciente e seus familiares a terem uma melhor organização e qualidade de vida.

Exames como o uso de biomarcadores no líquido cefalorraquidiano são uma ferramenta para esse parecer integrando outras formas de diagnóstico comportamental, como o histórico do paciente e exames neurológicos.

Referências

Almkvist, O., Nordberg, A. A biomarker-validated time scale in years of disease progression has identified early- and late-onset subgroups in sporadic Alzheimer’s disease. Alz Res Therapy 15, 89 (2023). https://doi.org/10.1186/s13195-023-01231-8

Billmann, A et al., Biomarcadores no líquido cefalorraquidiano no desenvolvimento da doença de Alzheimer: uma revisão sistemática. Rev. Psicol. Saúde,  Campo Grande ,  v. 12, n. 2, p. 141-153, jun.  2020 .

Paterson, R.W., Slattery, C.F., Poole, T. et al. Cerebrospinal fluid in the differential diagnosis of Alzheimer’s disease: clinical utility of an extended panel of biomarkers in a specialist cognitive clinic. Alz Res Therapy 10, 32 (2018). https://doi.org/10.1186/s13195-018-0361-3.

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