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As meningites são doenças caracterizadas pela inflamação de membranas (meninges) existentes no cérebro e na medula espinhal. Estas doenças podem ter origem infecciosa, como é o caso da meningite meningocócica, cujo número de casos vem aumentando e chamando a atenção de hospitais e outros serviços de saúde no Brasil.
Quer saber mais sobre meningite meningocócica? Acompanhe o texto para entender o que é, quais são suas causas, sintomas, como ela é diagnosticada e quais são as vacinas disponíveis para esta doença!
O que são meningites?
As meningites formam um conjunto de doenças que podem ser causadas por diversos agentes etiológicos, como vírus, bactérias, fungos e macroparasitas. As mais frequentes são aquelas causadas por vírus (como Enterovirus), sendo estas geralmente associadas a melhores prognósticos.
Em geral, as meningites são caracterizadas pela inflamação das meninges. Os processos inflamatórios envolvidos neste evento costumam ser altamente deletérios para a saúde dos indivíduos afetados.
Por isso, é imprescindível a atuação rápida e precisa dos profissionais da saúde, bem como dos serviços hospitalares necessários.
Quando causadas por bactérias, entre as quais destaca-se o meningococo, as meningites são potencialmente mais graves, o que é refletido pelos altos índices de mortalidade e morbidade. Segundo o Ministério da Saúde, as meningites meningocócicas afetaram cerca de 265.000 pessoas no período de 2007 a 2020.
O que é meningite meningocócica
A meningite meningocócica é uma das diversas formas de meningites que ocorrem em seres humanos. Nesta doença infecciosa, bactérias conhecidas por meningococos atingem as membranas (meninges) que envolvem o cérebro e a medula espinhal.
Esta é uma doença de apresentação grave, associada com altos índices de mortalidade e também com sequelas que impactam diretamente a vida das pessoas afetadas. Além disso, essa é uma doença especialmente relevante para o contexto pediátrico, dado que uma parcela expressiva das pessoas acometidas fazem parte deste público.
Causas da meningite meningocócica
As meningites meningocócicas são causadas por meningococos (Neisseria meningitidis), que são bactérias diplococos gram-negativas colonizadoras da nasofaringe.
Após um período de incubação, que pode durar entre 1 e 10 dias, as bactérias podem conseguir acesso à corrente sanguínea. Nos casos em que o sistema imunológico não é capaz de eliminar a infecção, os meningococos invadem as meninges do cérebro, causando uma meningite bacteriana, que pode rapidamente evoluir para um choque séptico.
Sintomas
Alguns dos sintomas observados em pacientes com meningites meningocócica são gerais à todas as meningites, cuja tríade de sintomas clássicos é composta por:
- Febre (de início rápido);
- Dor de cabeça;
- Enrijecimento do pescoço.
Adicionalmente, sintomas como náuseas, vômitos, confusão e sensibilidade aumentada à luz também podem ocorrer. Uma vez instalada a septicemia meningocócica, os sintomas podem ainda incluir:
- Fadiga;
- Frio nas extremidades;
- Exantemas (manchas escuras na pele);
- Diarréia;
- Dor e mal estar geral.
Ainda, é importante notar que uma parcela expressiva dos pacientes com meningites meningocócicas são bebês e neonatos, nos quais pode ser mais difícil notar tais sintomas. Nestes casos, a doença pode se manifestar a partir de sinais e sintomas que incluem:
- Inatividade;
- Irritabilidade;
- Saliências na fontanela (moleira);
- Recusar alimentação.

Como a bactéria da meningite é transmitida?
Indivíduos saudáveis podem adquirir as bactérias responsáveis pela meningite meningocócica através do contato com os fluidos respiratórios de pessoas infectadas. Apesar disso, este material é menos contagioso do que aquele encontrado em pacientes com gripe (Influenza) ou COVID-19.
Ademais, algumas pessoas atuam como reservatórios para a N. meningitidis. De maneira específica, estas bactérias ficam alojadas no trato respiratório superior de alguns indivíduos, que são normalmente assintomáticos até que as bactérias consigam colonizar a nasofaringe de maneira patológica.
Diagnóstico da meningite meningocócica
O diagnóstico de uma meningite meningocócica inicia-se com a examinação física do paciente pelo médico e com a anamnese. Uma vez formadas as hipóteses, o clínico deve proceder com exames complementares, que permitem a confirmação da suspeita e identificação do patógeno.
Para aumentar a precisão do diagnóstico, o médico deve solicitar a análise do líquor, que é realizada mediante a coleta da amostra por punção lombar. Este é um procedimento fundamental para o correto diagnóstico das meningites infecciosas, dado que as alterações clínicas são pouco específicas na maioria dos casos.
Para a confirmação da suspeita clínica e identificação do agente etiológico, os seguintes exames são realizados na análise do LCR:
- Análises citobioquímicas;
- Cultivo de bactérias;
- Microscopia;
- Análises moleculares.
Estas diferentes análises possibilitam a integração de informações, que municiam o clínico na tomada de decisões. Adicionalmente, é importante notar que as meningites são doenças complexas, tornando os serviços de análise do líquor essenciais para que os tratamentos mais adequados sejam postos em prática de maneira rápida e segura.
Serviço especializado em líquor (LCR) do Hospital Israelita Albert Einstein
O Serviço de Líquido Cefalorraquidiano do Laboratório Clínico Einstein conta com especialistas focados no procedimento de punção e análise do líquor (LCR).
Nossos serviços contribuem de maneira fundamental para a construção de diagnósticos precisos, que evitam o uso empírico de antibióticos em favor de tratamentos direcionados, resultando em melhores desfechos para os casos clínicos.
Entre os principais exames para diagnóstico da área de atuação de Neuroinfectologia, nosso laboratório oferece os exames de metagenômica viral e painel molecular para meningites e encefalites (Biofire®).
Além do foco no paciente com procedimentos, estrutura e rotinas específicas para proporcionar acolhimento nas relações médico-paciente, oferecemos a possibilidade de realização de procedimentos sob sedação em ambiente hospitalar, promovendo maior segurança e conforto ao paciente.
Vacinação
Grande parte dos casos de meningite meningocócica são preveníveis por vacinas. No Brasil, o Programa Nacional de Imunização (PNI) prevê a aplicação de dois tipos de vacina, eficientes contra alguns dos sorotipos de meningococos:
- Vacina conjugada meningocócica C, cuja 1ª dose é administrada aos 3 meses de idade e a 2ª dose aos 5 meses de idade. Além disso, o calendário de vacinação também prevê uma dose de reforço, aplicada aos 12 meses de idade.
- Vacina meningocócica tetravalente (ACWY), cujo esquema vacinal consiste em uma única dose, administrada em indivíduos de 11 a 12 anos.
Aumento do número de casos de meningite
Em algumas regiões do país, foi registrado um aumento no número de casos de meningite meningocócica neste ano. No Rio de Janeiro, por exemplo, o número de novos casos desta doença infecciosa aumentou em 55% no ano de 2022 quando comparado com o ano anterior.
O aumento de casos também vem sendo registrado no estado de São Paulo. Neste mês de outubro, a Secretaria Municipal da Saúde da prefeitura de São Paulo registrou a décima morte provocada por meningite meningocócica este ano na capital. Além disso, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA) notificou casos de meningite meningocócica do tipo C na região da Vila Formosa e Aricanduva.
Este cenário ocorre em meio a uma queda da cobertura vacinal, que vem se intensificando nos últimos cinco anos. Referência em vacinação infantil no mundo todo, o Programa Nacional de Imunização tem paulatinamente perdido parte de sua adesão.
Isso é evidenciado em casos como o da meningite meningocócica, doença contra a qual 90% das crianças elegíveis foram vacinadas em 2017 mas que, em 2022, este número chegou a apenas 34%.
Autor: João Bernadeli
Validação médica do conteúdo: Dr. Gustavo Bruniera
Referências
Guide to introducing meningococcal A conjugate vaccine into the routine immunization programme. World Health Organization, 2019. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/329678/9789241516860-eng.pdf
Graff K, Dominguez SR, Messacar K. Metagenomic Next-Generation Sequencing for Diagnosis of Pediatric Meningitis and Encephalitis: A Review. J Pediatric Infect Dis Soc, 2021
Strelow, Vanessa L. et al. Meningococcal meningitis: clinical and laboratorial characteristics, fatality rate and variables associated with in-hospital mortality. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, 2016.
Yadav S, Rammohan G. Meningococcal Meningitis. StatPearls, 2022