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Quer saber mais sobre a osteoporose? Continue a leitura! Em nosso novo texto explicamos o que é a osteoporose e de que maneira ela é influenciada pela genética. Também falamos sobre fatores de risco e a relevância dos testes genéticos para os casos de osteoporose.
O que é a osteoporose?
A osteoporose é uma doença óssea progressiva e crônica que afeta cerca de 1 em 3 mulheres e 1 em cada 5 homens com mais de 50 anos. Ela é caracterizada pela diminuição da densidade mineral óssea e pela deterioração da microarquitetura óssea, o que aumenta o risco de fraturas e lesões ósseas, dado o aumento da fragilidade óssea.
A fisiopatologia da osteoporose, que é a mais comum doença envolvendo o tecido ósseo, envolve um desequilíbrio no processo de remodelação óssea, que normalmente é controlado por células especializadas chamadas osteoblastos e osteoclastos.
Osteoblastos são responsáveis pela formação de novo tecido ósseo (deposição da matriz óssea), enquanto os osteoclastos são responsáveis por remover o tecido ósseo ali presente (reabsorção óssea) e, consequentemente, liberar cálcio e outros minerais na circulação sistêmica.
Na osteoporose, há uma diminuição na formação de tecido ósseo pelos osteoblastos, enquanto a atividade dos osteoclastos se encontra elevada.
Como resultado, ocorre uma perda progressiva da densidade mineral óssea e da integridade estrutural dos ossos. Além disso, o desequilíbrio na remodelação óssea também pode levar a alterações na composição da matriz óssea, resultando em uma maior suscetibilidade a fraturas.
Como veremos na sequência, além da herança genética, alguns outros fatores de risco como idade avançada, baixo peso corporal, tabagismo, falta de atividade física e deficiência de estrogênio são conhecidos por contribuir para o desenvolvimento da osteoporose.

A osteoporose é uma doença genética?
A osteoporose é uma doença multifatorial, ou seja, a sua causa é resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. Apesar da doença não ser estritamente hereditária, a genética desempenha um papel importante na suscetibilidade ao seu desenvolvimento.
Estudos em gêmeos sugerem que a hereditariedade pode ser responsável por até 80% da variação na densidade mineral óssea em adultos, evidenciando a importância dos fatores genéticos para a patogênese da osteoporose.
Embora a predisposição hereditária à osteoporose seja resultado da interação de fatores poligênicos, alguns casos surgem associados a doenças monogênicas, como as osteogêneses imperfeitas.
A partir de Estudos de Associação Genômica Ampla, diversos genes e variantes genéticas puderam ser implicados com o aparecimento da osteoporose. Atualmente, o Catálogo GWAS conta com dezenas de estudos associativos relacionados à fragilidade óssea e à osteoporose, além de centenas de SNVs candidatas.
Um dos genes mais estudados nesse contexto é o gene VDR, cuja proteína constitui os receptores de Vitamina D. Este gene é responsável pela manutenção da homeostase do cálcio e pela remodelação óssea do organismo.
Um segundo gene, cujo algumas variantes estão envolvidas com a diminuição da qualidade óssea e com modificações patológicas da estrutura óssea é o gene de colágeno tipo 1 (COL1A1), que é um componente chave da matriz óssea.
Além disso, genes que afetam o metabolismo ósseo, incluindo o gene RANKL, o gene OPG e o gene SOST, também foram implicados na patogênese da osteoporose. Variantes patogênicas nesses genes podem afetar a formação óssea e a regulação do processo de remodelação óssea.
Testes genéticos para a osteoporose
Os testes genéticos são uma ferramenta importante para a detecção precoce, diagnóstico e tratamento da osteoporose. Eles permitem que os médicos identifiquem pessoas com um risco maior de desenvolver a doença, para que medidas preventivas possam ser adotadas precocemente.
Os testes genéticos também podem ajudar na escolha do tratamento mais adequado para pacientes com osteoporose. Ao conhecer o perfil metabólico do paciente, por exemplo, o médico pode direcionar as estratégias terapêuticas de forma personalizada para o caso.
Além disso, testes genéticos são úteis para identificar familiares de pacientes com osteoporose que possuem um risco aumentado de desenvolver a doença, especialmente entre indivíduos cujo histórico familiar aponta para esta possibilidade.
Isso permite que essas pessoas adotem medidas preventivas precocemente, como a suplementação de cálcio e vitamina D, prática de exercícios físicos e mudanças na dieta e estilo de vida.
O diagnóstico da osteoporose é feito a partir de testes de densitometria óssea, entretanto, a testagem genética pode ter um papel importante na elucidação das causas do surgimento da doença.
Isso se mostra especialmente verdadeiro nos casos em que a osteoporose é associada a outras condições. Os painéis de sequenciamento genético para osteogênese imperfeita, por exemplo, ajudam a explicar as formas monogênicas da osteoporose.


Fatores de risco
As interações com o ambiente também desempenham um papel importante na determinação do risco de desenvolvimento da osteoporose.
Fatores como a exposição ao sol, a ingestão de nutrientes essenciais para a saúde óssea e a prática regular de exercícios físicos são alguns dos aspectos ambientais que podem influenciar a saúde óssea.
Por outro lado, certos hábitos prejudiciais, como o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, podem aumentar o risco de osteoporose. Além disso, a osteoporose afeta predominantemente mulheres, muitas vezes em associação a outras doenças, como o Tiroidismo de Hashimoto (causa mais comum do hipotiroidismo).
Por isso, é importante que as pessoas adotem um estilo de vida saudável para prevenir ou minimizar o risco de desenvolvimento da doença.
Alguns dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de osteoporose são:
- Idade >50 anos;
- Sedentarismo;
- Tabagismo;
- Dieta pobre em cálcio;
- Baixa exposição ao sol;
- Corticoterapia;
- Outras condições de saúde, como as doenças da tireóide.
Conclusão
Em resumo, a osteoporose é uma doença óssea progressiva e crônica que afeta principalmente as mulheres após a menopausa e os homens acima de 50 anos, causando diminuição da densidade mineral óssea e deterioração da microarquitetura óssea.
Embora a doença não seja estritamente hereditária, a genética desempenha um papel importante na suscetibilidade ao seu desenvolvimento. Alguns fatores de risco como idade avançada, baixo peso corporal, tabagismo, falta de atividade física e deficiência de estrogênio também contribuem para o seu desenvolvimento.
Estudos de associação genômica ampla mostraram que genes como VDR, COL1A1, RANKL, OPG e SOST estão implicados na patogênese da osteoporose. Os testes genéticos são uma ferramenta importante para a detecção precoce, diagnóstico e tratamento da osteoporose. Eles permitem identificar pessoas com um risco maior de desenvolver a doença, bem como ajudar na escolha do tratamento mais adequado para cada paciente.
Referências
Mäkitie RE, Costantini A, Kämpe A, Alm JJ, Mäkitie O. New Insights Into Monogenic Causes of Osteoporosis. Front Endocrinol (Lausanne). 2019 Feb 25;10:70. doi: 10.3389/fendo.2019.00070. PMID: 30858824; PMCID: PMC6397842.
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