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Síndromes Cromossômicas: Conheça as Principais

As Síndromes Cromossômicas são caracterizadas pela variação na estrutura ou no número de cromossomos. Saiba como ocorre e conheça as principais delas

Os eventos que resultam na formação de zigotos podem ocorrer de maneira inesperada, gerando as chamadas síndromes cromossômicas. Estas são condições diversas, originadas por um conjunto de mecanismos, que embora sejam causadas por alterações genéticas, nem sempre são hereditárias.

Quer entender o que é uma síndrome cromossômica? Acompanhe nosso texto para saber esta e outras informações!

O que são as síndromes cromossômicas?

As Síndromes Cromossômicas, também chamadas de Distúrbios Cromossômicos, são caracterizadas pela variação na estrutura ou no número de cromossomos. 

De forma geral, os seres humanos possuem 23 pares de cromossomos, sendo 22 destes pares chamados de autossomos e 1 chamado de alossomo (ou cromossomo sexual). Estas macromoléculas, formadas por DNA e proteínas, estão presentes no núcleo de todas as células vivas dos seres humanos, com exceção das hemácias.

Apesar disso, algumas pessoas podem ter quantidades diferentes de cromossomos (ao que se chama de aneuploidia) ou diferenças em suas estruturas. Estas alterações são responsáveis por dar origem às síndromes cromossômicas.

Estes distúrbios compõem um conjunto de variadas condições, cuja significância clínica varia de acordo com a extensão com que os cromossomos são afetados. 

Como veremos na sequência, as alterações responsáveis pelas síndromes cromossômicas podem ser herdadas ou, mais comumente, geradas durante a formação dos gametas.

Quais as causas de uma síndrome cromossômica?

Embora em alguns casos possam ser hereditários, os distúrbios cromossômicos são mais comumente originados a partir de eventos aleatórios ocorridos durante a formação de gametas ou do zigoto.

As aneuploidias, por exemplo, acontecem durante a formação de gametas, de tal modo que os cromossomos são segregados incorretamente durante a meiose. 

Esta falha da separação cromossômica é chamada de não-disjunção e ela pode acontecer durante as fases de meiose 1 ou 2, conforme demonstrado pela figura abaixo.

Síndromes Cromossômicas meiose
A maior parte dos mamíferos são diplóides. Isso significa que seres humanos, por exemplo, possuem duas cópias de cada cromossomo (2n). Não disjunções podem resultar em gametas com apenas uma ou mais de duas cópias de um mesmo cromossomo (n; 3n, 4n).

Ao ser utilizado na formação de um zigoto, este gameta afetado pela não disjunção pode dar origem a descendentes com um ou mais cromossomos adicionais. Mais raramente, estes descendentes podem ter um cromossomo a menos, em uma condição chamada de monossomia

As Síndromes Cromossômicas geradas por modificações estruturais em cromossomos, embora menos frequentes, podem ser originadas de algum dos seguintes mecanismos:

  • Deleção;
  • Duplicação;
  • Inversão;
  • Inserção;
  • Translocação.

Um tipo de translocação, chamada de Robertsoniana, é especialmente relevante para o contexto clínico. Neste evento, que acontece somente com os cromossomos acrocêntricos (13, 14, 15, 21 e 22), dois cromossomos perdem seus braços curtos e têm seus braços longos unidos pelo centrômero.

Este tipo de translocação pode ocorrer em indivíduos fenotipicamente saudáveis, uma vez que os braços cromossômicos curtos perdidos podem conter pouco material genético. Em raras ocasiões, entretanto, as translocações Robertsonianas podem dar origem a aneuploidias, sendo observadas em alguns casos de Síndrome de Down, por exemplo.

Conheça algumas síndromes cromossômicas

Como citado anteriormente, as aneuploidias são a causa mais comum das síndromes cromossômicas. Muitas de suas formas, inclusive, são incompatíveis com a vida, especialmente quando a alteração cromossômica se dá em autossomos.

A Síndrome de Turner, por exemplo, é uma das poucas formas de monossomia completa de cromossomos sexuais que não produz natimortos. As trissomias, por sua vez, são a forma mais comum de aneuploidia em seres humanos, sendo identificado em 0,3% de todos os nascimentos.

Síndrome de Down

A Síndrome de Down (SD) é uma condição genética caracterizada por um cariótipo com 47 cromossomos. Este cromossomo autossômico extra é, especificamente, uma terceira cópia (trissomia) do cromossomo 21 (inteira ou parcialmente) e, portanto, esta condição também é conhecida por “trissomia do 21”.

Esta é a condição clínica mais comumente gerada por trissomias e por aneuploidias em geral. Inicialmente descrita por John Langdon Down no século IXX, esta condição só foi categorizada como uma síndrome cromossômica na década de 1960, por Jerome Lejeune. 

A aneuploidia da qual decorre a síndrome é normalmente proveniente de não-disjunção meiótica em meiose 1 ou meiose 2. 

Apesar disso, a Síndrome de Down pode ser originada, mais raramente, por uma translocação robertsoniana, na qual o indivíduo possui 46 cromossomos, mas um dos pares do cromossomo 21 é disfuncional.

Síndrome de Edwards 

A Síndrome de Edwards (SE) também é categorizada como uma trissomia. Indivíduos com esta condição apresentam um cariótipo com 47 cromossomos, no qual o cromossomo extra advém de uma não-disjunção ocorrida com o cromossomo 18.

Assim como na Síndrome de Down, algumas das pessoas afetadas podem ter a Síndrome de Edwards em mosaico. Isso significa que nem todas as células destes indivíduos são afetadas pela trissomia do cromossomo 18. 

Nestes casos, as manifestações fenotípicas costumam ser mais brandas do que na Síndrome de Edwards típica.

Síndrome de Patau

A terceira trissomia autossômica mais comum, logo após a SD e a SE, é chamada de Síndrome de Patau. Assim como boa parte das aneuploidias em autossomos, a Síndrome de Patau é causada por não-disjunções meióticas, particularmente do cromossomo 13. 

Sendo assim, esta condição também é chamada de Trissomia do 13. Ela também pode ser observada, raramente, na forma de mosaico e é considerada mais grave e letal em comparação com as outras trissomias anteriormente citadas: cerca de 9 em 10 indivíduos afetados não sobrevivem ao primeiro ano de vida.

Síndrome de Turner

A Síndrome de Turner é a única forma completa de monossomia conhecida: indivíduos com esta condição apresentam, na maioria das vezes, um cariótipo do tipo 45, X. Dessa forma, além de ser uma condição relacionada com alossomos, ela é uma das raras formas de monossomia completa conhecidas em seres humanos.

Algumas mulheres (~15%) possuem, também, cariótipos em mosaico, de tal forma que algumas de suas células tenham um cariótipo 45; X, enquanto outras células possuem uma configuração diferente (como 46; XX ou mesmo 47; XXX). 

Cerca de 20% das pessoas afetadas possuem, ainda, isocromossomos X (braço q ou p) e cromossomos em anel.

Apesar do fato de ser uma condição bem caracterizada, a maior parte das mulheres acaba sendo diagnosticada durante a juventude. Além disso, uma parcela considerável de mulheres é diagnosticada somente na vida adulta e outras passam a vida toda sem serem diagnosticadas.

Síndrome de Klinefelter

A Síndrome de Klinefelter é a mais comum síndrome de cromossomos sexuais em seres humanos. Indivíduos com essa condição são caracterizados por cariótipos contendo um cromossomo sexual extra (trissomia), predominantemente na forma 47, XXY.

Estima-se que apenas uma fração dos indivíduos afetados seja diagnosticada em algum momento da vida e, assim como em outras síndromes cromossômicas, esta condição pode se apresentar sob a forma de mosaico.

Conclusão

As síndromes cromossômicas são condições genéticas caracterizadas pela variação do número ou da estrutura dos cromossomos de um indivíduo. Isso quer dizer que elas podem ser divididas entre aneuploidias (numéricas) e estruturais.

Em ambos os casos, alguns mecanismos (como o de não-disjunção) são capazes de explicar como determinados genótipos podem surgir. Alguns exemplos de síndromes cromossômicas são: Síndrome de Down, Síndrome de Patau e a Síndrome de Klinefelter.

Referências

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