Subvariantes ômicron: o que se sabe sobre elas?

O surgimento de subvariantes ômicron tem sido responsável por aumentos de casos de COVID-19 em todo mundo. Entenda o caso!
imagem com filtro em destaque para variantes omicron

Detectada no final do ano de 2021 na África do Sul, a ômicron BA .1 era a subvariante mais transmissível no mundo, aumentando drasticamente os casos de covid-19. No entanto, outras subvariantes ômicron começaram se destacar frente ao cenário de pandemia da Sars-cov-2.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a ômicron BA.2 se disseminou por pelo menos 69 países, incluindo o Brasil. Esta subvariante se tornou a versão dominante do vírus no mundo inteiro por conta da velocidade em que se espalhou em diversos países. Desta forma, a BA.2 pode ser tão preocupante e perigosa quanto a BA.1.

O que são variantes e subvariantes?

O vírus da covid-19 possui uma grande capacidade de replicação e mutação. Por conta disso, seu material genético (RNA) pode sofrer diversas alterações ao longo do tempo, se tornando uma variante ou subvariante de Sars-cov-2.

Qual a diferença entre variante e subvariante?

É considerado uma variante quando a mutação sofrida no genoma do vírus altera consideravelmente suas características em comparação a versão original do vírus.
Por outro lado, é chamado de subvariante ou sublinhagem quando as alterações sofridas no genoma viral não alteram consideravelmente as características do vírus.

A variante ômicron, por exemplo, possui diversas sublinhagens. Dentre elas se destacam:

  • XE, 
  • XQ, 
  • BA.1 
  • BA.2 
  • E mais recentemente: BA.4 e BA.5

Essas subvariantes ômicron, compartilham cerca de 39 mutações, estando a maioria localizada na proteína Spike, associada à capacidade do vírus de entrar nas células do organismo. Porém, é importante ressaltar que cada subvariante possui suas próprias alterações genéticas, o que confere a cada uma delas características distintas 

Subvariantes ômicron: BA.1 e BA.2

A omicron, é a variante do coronavírus que mais apresenta mutações. São mais de 50 variantes em sua estrutura em relação ao coronavírus original detectado na cidade de Wuhan na China.

Algumas dessas mutações, (cerca de 30 delas), estão localizadas na proteína Spike, o que a torna um pouco mais resistente à ação das vacinas, em relação às anteriores.

Quando foi identificada no final de 2021, a primeira versão da omicron, chamada de subvariante BA.1, correspondia a 99,8% das amostras detectadas em todo o mundo. 

Porém, segundo o GISAID, a plataforma mundial de monitoramento de variantes do vírus da covid-19, a subvariante BA.2 é a mais incidente do no mundo inteiro, tendo cerca de 86% dos casos sequenciados da covid-19.

A OMS afirma que a BA.2 se espalhou com mais intensidade na Europa. No Reino Unido, ela já representa cerca de 95% dos casos. A subvariante também se espalhou em alguns países da África e nas regiões do mediterrâneo oriental com um crescimento constante desde o final de 2021.

Já nos países asiáticos também foi detectado o aumento dos casos de covid-19. Por conta dessa rápida contaminação, a FDA (agência reguladora de medicamentos nos Estados Unidos) autorizou uma segunda dose de reforço para pacientes com 50 anos.

Porém, embora a BA.2 seja a subvariante ômicron mais transmissível, ela não é considerada a mais grave.

Especialistas afirmam que o aumento de casos gerados pela BA.2 é resultado do relaxamento das medidas de contenção contra a covid-19. 

A subvariante BA.2 pode se dar de forma leve em pacientes vacinados. No entanto, pacientes não vacinados e imunocomprometidos  possuem grandes riscos de apresentar quadros graves.

Subvariante XQ

A XQ é um híbrido entre as subvariantes ômicron BA.1 e BA.2. 

Esta recombinação ocorre quando uma pessoa é infectada por duas linhagens diferentes do vírus ao mesmo tempo. Uma vez que o vírus esteja dentro do hospedeiro, ele iniciará o processo de replicação viral.

Durante esse processo, as enzimas utilizadas durante a replicação podem absorver informações genéticas e sintetizar diferentes moléculas de RNA utilizando partes do material genético que estejam presentes dentro do hospedeiro. O resultado dessa interação é a produção de um RNA viral combinado das duas subvariantes.

Segundo o médico infectologista Robson Reis, professor da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, em entrevista ao jornal CNN Brasil, por conta da pequena quantidade de casos relacionados a subvariante XQ, ainda não é possível estabelecer muitas informações sobre a sua transmissibilidade e seu grau de virulência.

A OMS ainda não classificou a XQ como uma subvariante de preocupação. Porém, é necessário que haja monitoração, pois parte do seu material genético vem da BA.2, e por conta disso ela pode apresentar um perfil alto de transmissão. 

Portanto, as recomendações das autoridades de saúde continuam sendo as mesmas já de conhecimento geral: o distanciamento social, a higienização constante das mãos e a vacinação contra a covid -19.

subvariantes omicron
Mesmo com o avanço da variante as medidas de prevenção e os cuidados básicos como lavar as mãos continuam sendo eficientes.

Subvariante XE

A XE também é sublinhagem recombinante entre as subvariantes ômicron BA.1 e BA.2.

Identificada inicialmente no Reino Unido em janeiro de 2022, a XE provocou um aumento de casos de covid-19 em parte da Ásia e da Europa, segundo dados da Agência de Segurança de saúde do Reino Unido (UKHSA).

No Brasil, seu primeiro caso de XE foi relatado no dia 7 de abril deste ano através do Ministério da Saúde. A identificação foi realizada através de sequenciamento genético pelo Instituto Butantan.

Segundo a OMS, dados preliminares sugerem que a ômicron XE pode ser aproximadamente 10% mais transmissível do que a BA.2. No entanto, são necessários mais dados para analisar com maior precisão as taxas de transmissão.

Enquanto a  XE não apresente diferenças significativas para as taxas de transmissão e características relacionadas a doença, a OMS afirma que ainda será considerada uma subvariante ômicron, assim como as anteriores.

Embora a ômicron XE tenha aumentado o número de casos, especialistas afirmam que ainda não há motivo para pânico. Apesar de requerer atenção, a subvariante XE ainda está em monitoramento e estudos sobre ela estão sendo desenvolvidos, não havendo a necessidade de preocupação por parte da população.

Subvariantes ômicron: Infecção e Vacinação

A subvariante BA.2 tem se espalhado pelo mundo e segundo a OMS, uma das formas dela está novamente crescendo é por conta da reinfecção de pacientes vacinados ou recém recuperados da covid-19.

De acordo com um estudo produzido pela universidade de Stellenbosch na África do Sul, de um total de aproximadamente 3 milhões de pessoas que tiveram um diagnóstico positivo para a covid-19 a menos de 90 dias, cerca de 100 mil eram suspeitas de reinfecção por parte da subvariante BA.2.

Pesquisadores apontam que a ômicron tem a capacidade de evitar a imunidade adquirida naturalmente por infecções anteriores. Por conta disso, as reinfecções geralmente ocorrem num prazo menor de aproximadamente 90 dias 

No entanto, mesmo que a ômicron BA.2 seja mais resistente à ação de vacinas, a vacinação ainda é considerada uma excelente resposta contra a COVID-19.

Diversos estudos realizados por especialistas apontaram que diferentes doses de reforço das vacinas apresentam uma grande eficiência contra a variante. Apesar de que a proteção contra a ômicron possa ser menor, as doses complementares evitam que as pessoas contaminadas evoluam para quadros mais graves. 

Além disso, as medidas de prevenção são importantes para reduzir as taxas de transmissão da variante. As máscaras desempenham um papel importante para reduzir a quantidade de casos graves. Os cuidados básicos são fundamentais para a redução da contaminação.

Conclusão

Diversos estudos e análises estão sendo realizados para obter um melhor conhecimento sobre a variante ômicron. Pesquisadores do mundo inteiro estão desenvolvendo cada vez mais pesquisas relacionadas ao ômicron e os resultados estão chegando cada vez mais rápidos.

Entretanto, ainda não se tem uma abordagem que pare por completo o avanço da variante. Por conta disso as medidas de prevenção, os cuidados básicos apontados pelas autoridades em saúde e a vacinação continuam sendo fundamentais para regredir suas taxas de transmissão e contaminação.

Além disso, esforços diplomáticos para a ampliar a vacinação e o controle de fronteiras vêm sendo realizados. Ainda existem lugares com pouca cobertura vacinal e as autoridades de saúde vêm trabalhando em estratégias para que o índice de vacinação aumente nessas regiões.

É importante frisar que o combate contra o avanço da COVID-19 precisa ser coletivo e não individualizado. Todos têm um papel importante no combate ao coronavírus.

Enquanto a resposta definitiva contra a covid-19 não vem, a ciência vai avançando e produzindo cada vez mais conhecimento e resultados sobre as variantes.

Referências

Word Health Organization. COVID-19 Weekly Epidemiological Update. Available in: https://static.poder360.com.br/2022/04/Weekly_Epi_Update_85_WHO_mar.22.pdf

UK, GOV. Covid-19 variants identified in the uk. Available in: https://www.gov.uk/government/news/covid-19-variants-identified-in-the-uk

BR, GOV. Butantã. Disponível em: https://butantan.gov.br/noticias/o-que-se-sabe-sobre-as-subvariantes-da-omicron-que-se-espalham-pelo-mundo Acesso em: 14 de fevereiro de 2022.

COVID-19. CNN. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/covid-19-o-que-se-sabe-sobre-a-xq-recombinante-das-sublinhagens-da-omicron/ Acesso em: 14 de fevereiro de 2022

Reinfecções, Ômicron. CNN Notícias. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/reinfeccoes-por-omicron-podem-ser-mais-comuns-que-por-outras-variantes-diz-estudo/ Acesso em: 14 de fevereiro de 2022.

COVID 19. BBC notícias. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60925191 Acesso em: 14 de fevereiro de 2022

Ciência. Variante Ômicron. Veja.abril.com; Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/a-resposta-rapida-da-ciencia-ao-combate-a-variante-omicron/ Acesso em: 14 de fevereiro de 2022.

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