Infertilidade Masculina: Causas, Fatores de Risco e Exames

Existem diversas causas responsáveis pela infertilidade masculina. Conheça quais são e os exames para diagnóstico desta condição.
exames infertilidade masculina

A infertilidade masculina é um problema que afeta a capacidade do homem em gerar um embrião viável. É um assunto delicado e muitas vezes é um tabu social, mas é importante compreender as diferentes condições que podem levar à infertilidade masculina e como elas podem ser diagnosticadas e tratadas.

Ficou curioso? Continue lendo para entender melhor sobre a infertilidade masculina, suas causas, identificação e tratamentos possíveis em nosso texto.

O que é infertilidade masculina?

A infertilidade masculina é definida como a incapacidade de um homem engravidar uma mulher fértil, por um período mínimo de pelo menos um ano de relações sexuais desprotegidas

A infertilidade masculina é responsável por cerca de 20% dos casos de infertilidade conjugal, embora em aproximadamente 40% dos casos tanto o homem quanto a mulher possuem problemas de fertilidade.

Quais são as principais causas da infertilidade masculina?

Fatores como idade, estilo de vida, condições médicas, uso de certos medicamentos e exposição a substâncias tóxicas podem contribuir para o surgimento deste distúrbio. É importante entender as causas da infertilidade masculina para que seja possível identificar a origem do problema e buscar o tratamento adequado.

Oligospermia

Uma das causas mais comuns de infertilidade masculina é a oligospermia, que é caracterizada por uma baixa contagem de espermatozoides no ejaculado. Isso pode ser causado por uma série de fatores, como:

  • problemas hormonais;
  • infecções do trato genital;
  • exposição a toxinas ambientais;
  • uso de medicamentos;
  • histórico de radioterapia ou quimioterapia, entre outros.

Em geral, considera-se um quadro como oligospermia quando a contagem de espermatozoides da amostra seminal é menor que 16 milhões/mL.  Este número reduzido é o que de fato provoca a infertilidade na oligospermia, uma vez que uma elevada quantidade de espermatozoides é necessária para que ocorra a fecundação.

Azoospermia

Outro tipo de infertilidade masculina é a azoospermia, que é a ausência de espermatozóides no ejaculado. Isso pode ocorrer devido a problemas congênitos, obstruções no trato genital, lesões testiculares, infecções, problemas hormonais ou problemas genéticos.

A azoospermia pode ser completa, quando não há espermatozóides no ejaculado, ou parcial, quando há espermatozoides, mas em uma quantidade muito baixa.

Dependendo da causa, a azoospermia pode ser tratada com técnicas de reprodução assistida, como a aspiração de espermatozóides do testículo ou do epidídimo, ou por meio de cirurgias corretivas.

Astenozoospermia

A astenozoospermia é o tipo de infertilidade masculina caracterizada pela baixa motilidade dos espermatozoides.

Diferentemente dos quadros descritos anteriormente, a astenozoospermia não afeta a quantidade de espermatozoides, mas sim a qualidade deles. Ou seja, a habilidade do esperma em produzir uma fecundação.

Nestes casos, os espermatozoides têm dificuldade em se movimentar adequadamente, o que pode comprometer sua capacidade de nadar em direção ao óvulo e fertilizá-lo. Em geral, isso acontece em função de anomalias estruturais do flagelo espermático ou de problemas metabólicos durante a espermiogênese.

A astenozoospermia pode ser causada por fatores genéticos, infecciosos, hormonais ou ambientais.

O tratamento pode envolver mudanças no estilo de vida, como a melhoria da alimentação e redução de hábitos prejudiciais, além de tratamentos específicos, dependendo da causa subjacente.

Teratozoospermia

A teratozoospermia é uma condição em que os espermatozóides apresentam alta taxa de anomalias na sua forma e estrutura. Isso influencia diretamente sobre a qualidade do esperma que, na incapacidade de fecundar um óvulo, resulta na infertilidade.

As anomalias podem incluir cabeças de formato irregular, caudas encurtadas ou dobradas, entre outros defeitos.

A teratozoospermia pode ser causada por fatores genéticos, ambientais, hormonais ou imunológicos. O tratamento pode envolver técnicas de reprodução assistida, como a injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI), que permite a seleção de espermatozoides saudáveis para a fertilização do óvulo.

Condições associadas à infertilidade masculina

As causas comuns da infertilidade masculina podem variar e incluem problemas de produção de esperma, problemas de transporte de espermatozoides e problemas hormonais. Em alguns casos, ainda, essa condição aparece associada a outra, como veremos na sequência.

Problemas de produção de esperma – Essas causas estão relacionadas à produção inadequada ou anormal de espermatozoides nos testículos. Alguns exemplos incluem:

  • Síndrome de Klinefelter: É uma condição genética em que um homem possui um cromossomo X extra, resultando em características físicas e hormonais anormais, incluindo baixa produção de espermatozoides;
  • Microdeleções do cromossomo Y: São pequenas deleções que ocorrem no cromossomo Y e podem estar associadas à produção anormal de espermatozóides, levando à infertilidade masculina;
  • Azoospermia obstrutiva congênita: É uma condição em que os ductos que transportam os espermatozoides estão obstruídos, impedindo sua liberação no ejaculado.

Problemas de transporte de espermatozóides – Essas causas estão relacionadas à obstrução ou ausência dos ductos que transportam os espermatozóides do testículo até o pênis. Alguns exemplos incluem:

  • Síndrome de Kartagener: É uma condição genética rara que afeta a motilidade dos cílios respiratórios e dos espermatozóides, causando obstrução dos ductos e dificultando o transporte adequado dos espermatozoides;
  • Fibrose cística: É uma doença genética que afeta as glândulas produtoras de muco em várias partes do corpo, incluindo os ductos que transportam os espermatozoides. Isso pode resultar em obstruções e baixa produção de espermatozoides.

Problemas hormonais – Essas causas estão relacionadas a desequilíbrios hormonais que afetam a produção de espermatozoides. Alguns exemplos incluem:

  • Síndrome de Noonan: É uma condição genética rara que afeta o desenvolvimento de várias partes do corpo, incluindo os órgãos reprodutivos, resultando em baixa produção de espermatozoides.

Fatores de risco da infertilidade e como prevenir

Além das causas mencionadas anteriormente, existem alguns fatores de risco que podem contribuir para a infertilidade masculina. É importante estar ciente desses fatores e adotar medidas preventivas quando possível. Alguns dos fatores de risco comuns incluem:

  • Idade avançada: A idade avançada pode afetar a qualidade e quantidade dos espermatozoides produzidos;
  • Estilo de vida pouco saudável: Fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool, uso de drogas recreativas e exposição a toxinas ambientais podem afetar negativamente a saúde dos espermatozóides;
  • Obesidade: A obesidade pode estar associada a problemas hormonais e de produção de esperma;
  • Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): Infecções como clamídia e gonorreia podem causar inflamação nos órgãos reprodutivos masculinos, resultando em danos aos espermatozoides e obstrução nos ductos;
  • Traumas nos órgãos reprodutivos: Traumas nos testículos, pênis ou na região pélvica podem causar danos aos órgãos reprodutivos e levar à infertilidade masculina;
  • Exposição a radiações e substâncias tóxicas: A exposição a radiações ionizantes, como a radiação emitida em exames de radiografia ou tratamentos de radioterapia, assim como a exposição a substâncias tóxicas no ambiente de trabalho, podem ter efeitos negativos na saúde dos espermatozóides.

A infertilidade masculina causada por doenças ou outras condições não podem ser “prevenidas”. Para reduzir os riscos para a infertilidade masculina, é fundamental adotar um estilo de vida saudável, evitar fatores de risco sempre que possível e realizar exames de rotina para identificar possíveis problemas precocemente.

Em caso de preocupações com a fertilidade, é importante buscar orientação médica especializada para um diagnóstico correto e opções de tratamento adequadas.

Como identificar a infertilidade masculina?

A infertilidade masculina pode ser identificada por meio de uma série de exames médicos e análises de esperma. Além disso, os exames genéticos também desempenham um papel importante no diagnóstico da infertilidade masculina, ajudando a identificar possíveis causas genéticas subjacentes que podem contribuir para a condição.

Em geral, a investigação de possíveis casos de infertilidade envolve métodos laboratoriais, que buscam elucidar a causa da condição, bem como identificar possíveis distúrbios associados.

Inicialmente, o médico pode solicitar exames como o espermograma com capacitação, a fim de verificar a quantidade e a qualidade dos espermas de uma amostra, bem como testes hiposmóticos para determinar a vitalidade dos gametas.

Na sequência, a depender dos resultados dos exames laboratoriais, bem como do exame clínico e das hipóteses estabelecidas pelo médico, uma investigação aprofundada irá contar também com testes genéticos. 

Existem diferentes tipos de exames genéticos que podem ser realizados para a investigação da infertilidade masculina, incluindo:

  • Investigação da heterogeneidade genética de espermatozóides: As alterações em cromossomos são comuns em homens inférteis e podem corresponder de 2% a 14% dos casos. Geralmente realizado por Hibridação in-situ fluorescente, investiga aneuploidias de diversos cromossomos;
  • Análise de microdeleções do cromossomo Y: Este exame verifica a presença de pequenas deleções no cromossomo Y, que podem estar associadas à ausência de espermatozoides no ejaculado ou a problemas na produção de esperma;
  • Estudo molecular de imunoglobulinas anti-espermatozoides: A incidência de anticorpos anti-espermatozoides varia normalmente de 10 a 20% em homens que apresentam histórico de infertilidade não esclarecida. Tais anticorpos também podem ser encontrados em 10 a 15% de mulheres inférteis, sem evidência de doença orgânica.

A realização de exames genéticos pode ajudar os médicos a esclarecer possíveis causas genéticas da infertilidade masculina, permitindo um diagnóstico mais preciso e o desenvolvimento de um plano de tratamento adequado.

Diagnóstico genético infertilidade masculina

Como tratar a infertilidade masculina?

O tratamento da infertilidade masculina depende da causa subjacente e pode variar de acordo com cada caso específico. As opções de tratamento podem incluir abordagens cirúrgicas ou de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV) e a injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), entre outras.

Em alguns casos, a mudança de hábitos de vida, como:

  • redução do estresse, a adoção de uma dieta equilibrada;
  • prática regular de exercícios físicos;
  • Evitar substâncias prejudiciais como o tabaco e o álcool podem contribuir para melhorar a qualidade do esperma e aumentar as chances de fertilidade.

Quanto mais cedo a causa subjacente for identificada, mais oportunidades existem para buscar opções de tratamento adequadas e eficazes.

Os exames mencionados anteriormente podem desempenhar um papel crucial nesse diagnóstico, permitindo a identificação de causas genéticas da infertilidade masculina e orientando o plano de tratamento.

É essencial que os casais que estão enfrentando problemas de infertilidade masculina busquem aconselhamento médico especializado para determinar a causa subjacente e discutir as opções de tratamento mais adequadas para o seu caso.

Cada caso é único, e o tratamento deve ser personalizado de acordo com as necessidades e condições de saúde de cada paciente.

Conclusão

A infertilidade masculina pode ser uma condição desafiadora para os casais que desejam ter filhos. Ela pode ser causada por diversos fatores, como problemas de produção de esperma, transporte de espermatozoides, problemas hormonais e fatores genéticos, entre outros.

A identificação da causa é fundamental para o tratamento adequado. Os exames genéticos e outros exames médicos, são cruciais para o sucesso do tratamento. Cada caso é único e requer uma abordagem personalizada.

Referências

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