Índice
Um dos mais marcantes aspectos da pandemia de COVID-19 é o surgimento de novas variantes, que produzem novas ondas de infecção. A subvariante ômicron XBB.1.5 vem ganhando a atenção de cientistas e autoridades da saúde.
Quer saber mais sobre a subvariante ômicron XBB.1.5 e, afinal, o que são subvariantes? Continue lendo! Neste conteúdo abordamos, ainda, casos registrados no Brasil e no mundo, além de questões como prevenção e efetividade das vacinas.
O que é uma subvariante?
Variantes de um mesmo vírus são geradas a partir de mutações que, embora modifiquem o genoma viral, não modificam as características essenciais desse mesmo vírus.
Enquanto isso, o surgimento de uma subvariante ocorre quando uma variante apresenta pequenas alterações do genoma viral, mas não o suficiente para ser considerada uma nova variante.
O acúmulo de mutações no genoma de um vírus pode modificar sua estrutura e seus mecanismos de replicação.
Quando as alterações geradas por essas mutações refletem diferenças drásticas do ancestral comum, dizemos que esta é uma nova cepa ou linhagem, sendo este último termo mais comum no contexto da virologia.
Nas ocasiões em que duas ou mais mutações ocorrem de maneira mais restrita, há a geração de uma variante. Variantes podem diferir em aspectos como transmissibilidade, virulência e estratégias de imunoevasão. No entanto, ainda compartilham grande parte de suas características e de seu genoma com um mesmo ancestral comum.
Por outro lado, Subvariantes são geradas a partir de mutações ainda mais “pontuais” de um mesmo ancestral comum. Estas mutações ainda podem produzir efeitos significativos, mas ainda refletem, em essência, o genoma de uma mesma variante/ancestral comum.
XBB.1.5: Casos registrados
O ano de 2023 começou com um aumento do número casos de COVID-19 em vários países do mundo. Em muitos destes casos, o agente etiológico identificado foi a subvariante Ômicron XBB.1.5.

Segundo nota publicada pela Organização Mundial da Saúde, até 11 de janeiro de 2023, sequências desta subvariante foram identificadas em 38 países. A maior parte dos casos foi registrado nos Estados Unidos (82%), seguido do Reino Unido (8%) e Dinamarca (2%).
Além disso, esta ja é a subvariante predominante nos Estados Unidos, sendo identificada em cerca de 43% de todos os casos.
Apesar disso, não é possível atribuir o aumento de casos somente à disseminação da subvariante. Finais de ano são marcados por festividades envolvendo eventos em grupo, ao que também pode se atribuir um aumento de casos de COVID-19.
Como veremos a seguir, diversos fatores devem ser considerados para concluir se esta subvariante possui maior ou menor transmissibilidade.
A XBB.1.5 é mais perigosa que as demais versões ômicron?
Segundo a nota publicada pela OMS, não existem indícios de que a XBB.1.5 produza quadros clínicos de maior ou menor severidade.
A análise de dados ainda é parcial, mas mutações ocorridas para a geração da subvariante não estão associadas a potenciais mudanças na severidade da doença.
Por outro lado, Maria Van Kerkhove, diretora técnica do comitê da OMS sobre COVID-19, afirmou na coletiva de imprensa da organização realizada no dia 03 de janeiro de 2023 que a XBB.1.5. é a subvariante de coronavírus mais transmissível identificada até o momento.
A principal característica que leva pesquisadores a realizar tal afirmação, é a presença de uma mutação (F486P) no gene da glicoproteína spike. Mutações nesta região do genoma estão associadas a interações mais fortes com os receptores do tipo ACE2.
Em outras palavras, acredita-se que a mutação confere maior infecciosidade à subvariante, cuja linhagem parental já era conhecida por sua habilidade em evadir o sistema imune.

Os mecanismos pelos quais a XBB1.5 exerce tal capacidade, entretanto, ainda são objeto de investigação.
Primeiro caso registrado em São Paulo
O estado de São Paulo foi o primeiro do Brasil a detectar a presença da subvariante XBB.1.5, na cidade de Indaiatuba, no dia 03 de janeiro de 2023. A sequência foi identificada em amostra de uma paciente que teria viajado aos Estados Unidos em outubro.
A Prefeitura da cidade destacou, entretanto, que a paciente não precisou de internamento e nem de cuidados especializados. Segundo a rede de laboratórios que realizou a identificação, a demora entre a coleta (que ocorreu em novembro) e a comunicação se deve aos procedimentos de sequenciamento genético.


Quais cuidados tomar com a nova subvariante?
Os métodos de prevenção contra a subvariante XBB.1.5 são os mesmos adotados contra outras variantes de coronavírus. O uso de máscaras, portanto, continua sendo uma das principais estratégias de prevenção da doença.
Esta é a principal recomendação das diretrizes da OMS para a prevenção da COVID-19, atualizadas no último dia 13. Além das máscaras, o documento também destaca a importância das medidas de higiene, como o simples ato de lavar as mãos.
As vacinas possuem efetividade contra a XBB.1.5?
Embora as evidências apontem para uma menor efetividade das vacinas contra as variantes ômicron, elas continuam sendo eficazes e a principal medida de prevenção contra a COVID-19.
Estudos parciais indicam, entretanto, que os títulos de neutralização das vacinas bivalentes são cerca de 12 a 26 vezes menores quando em comparação com a linhagem ancestral do SARS-CoV-2.
É importante lembrar que a capacidade de evasão imune da XBB.1.5 não reflete em um escape viral completo. Em outras palavras, por mais que a subvariante consiga se esquivar de alguns mecanismos imunológicos, ela não é capaz de “enganar” por completo os anticorpos adquiridos por meio da vacinação.
Seguir os esquemas vacinais estabelecidos pelas secretarias de saúde é a melhor maneira de se proteger (e de proteger as pessoas ao seu redor) da COVID-19.
O que esperar nos próximos meses
Dadas as informações disponíveis até o momento, supõe-se que a XBB.1.5 será a principal subvariante de SARS-CoV-2 no mundo. Especula-se um aumento global do número de casos de COVID-19, embora tal afirmação não tenha sido confirmada ainda.
Em geral, as medidas de prevenção deverão ser mantidas e reforçadas, ao passo que a vacinação continuará a salvar vidas.